quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Sobre o Blog

Faz-se necessário esclarecer que os assuntos que serão abordados aqui, referem-se ao entendimento espiritual, cristalizado, que os filhos de Deus receberam durante os vários séculos após a Bíblia ter sido completada como sendo a revelação do que Deus tenciona realizar e que estava oculto Nele mesmo, desde os séculos e das gerações.
Sob essa perspectiva, é fundamental a percepção, como filhos de Deus, pessoas que receberam um novo coração, de que a vida cristã é, antes de qualquer coisa, uma vida de dependência, primeiramente de Deus, depois uns dos outros. Por isso mesmo, Paulo ao escrever a epístola aos Filipenses, especialmente no capítulo dois, usa como exemplo a vida do próprio Senhor Jesus, para tentar expor aos crentes de Filipos que eles deveriam se submeter uns aos outros, considerando-os cada um aos outros superiores a si mesmos. Portanto, entende-se que o mencionado em Fp. 1:27, sobre lutar juntos pela fé evangélica, é muito significativo e só há uma maneira de isso ser possível: “estar firmes em um só espírito, com uma só alma”. Para se tornar realidade é indispensável ter o mesmo tipo de pensar que houve também em Cristo Jesus, “a mente de escravo”.
Portanto, todos os que foram verdadeiramente regenerados, precisam lidar com as peculiaridades, maneira de pensar, que é característico de cada um, mas que pode torná-los divisivos, facciosos, sectários. Estes “traços” não foram características encontradas no Senhor Jesus, pois Ele, como o Deus eterno, tinha em Seu poder escolher ser independente, mas Ele trilhou o caminho da dependência ao Pai. O Senhor foi tão dependente no Seu viver humano, que mesmo para nascer, Ele buscou o caminho de depender, nascendo numa manjedoura em Belém, dependendo daqueles a quem fora confiada à tutela humana do Senhor. Dá para imaginar, o próprio Deus que se tornou carne, escolher esse tipo de vida? Dependendo de José e Maria, para ser conduzido de um lado para o outro? Mas foi exatamente esse o modelo que todos os filhos de Deus precisam aprender deste inigualável, que não buscou ser grande, mas dependeu do Pai e do Seu arranjo soberano.
Outro fato intrigante, é que o Senhor Jesus não escreveu nada. Alguns ousam a dizer que Ele não sabia ler e escrever. Entretanto, não há base bíblica alguma sobre tal afirmação, pois os hebreus são um povo que sempre primaram pela questão do saber ler e escrever. Além disso, está claramente registrado no Evangelho de Lucas, 4:17, que o Senhor leu uma passagem do livro de Isaías. Mas por que então o Senhor não escrevera nada? Não teria o Senhor capacidade para tal? Certamente Ele era totalmente capaz, quando viveu Sua humanidade. A pergunta a ser feita é, qual lição poderemos aprender disso? Algo básico que deve ser percebido no estudo das escrituras é que, no que diz respeito às biografias dos personagens bíblicos, o falar registrado de Deus é tão importante quanto o silêncio de Deus. Vemos isso claramente no viver de Abraão, especialmente ao ter aceitado a ideia de Sara em conceber através de sua serva Hagar um filho. Após aceitar tal proposta, a Bíblia registra, propositadamente, que Deus calou-se por treze anos, sem aparecer novamente para Abraão, mostrando implicitamente que Ele não aprovara tal atitude. Assim, compreende-se que até mesmo no silêncio, Deus está falando.
Várias pessoas têm questionado sobre a inspiração da Palavra Sagrada, argumentando ser esta escrita por homens e não diretamente pelo próprio Deus. E até mesmo enquanto estava na carne, o Senhor também não escrevera nada, apenas ensinou transmitindo verbalmente suas palavras, sem, contudo, Ele próprio registrar palavra alguma. Mas, mais uma vez deve-se questionar, por quê? É imprescindível crê que, no que diz respeito ao Senhor Jesus, tudo vivido por Ele baseou-se no princípio de que resolveu voluntariamente tomar o caminho inverso que o Seu inimigo tomou, ou seja, o da humilhação, da dependência. Então, baseado neste princípio, o Senhor escolheu o caminho de transmitir ao Seu povo, bem como à toda a terra, o Seu desejo através dos homens que O seguiram em vida, sendo exceção Paulo e Lucas. De fato, o Deus Eterno é infinitamente sábio e Ele transmite seus princípios, não simplesmente ensinando com palavras, mas Ele próprio tomou a liderança em viver tal vida que é totalmente dependente do Pai.
No entanto, o seu inimigo, com sua vida independente, injetou no homem a sua natureza, levando o homem a tornar-se independente de Deus, e após a queda, tornou-se a regra básica do mundo, que jaz no maligno, a independência. Até mesmo entre os filhos de Deus, as várias divisões que resultaram no cristianismo de hoje são na verdade fruto dos assim chamados “ministérios”, que procuram fundamentar suas divisões em uma linha de interpretação própria, que pode parecer bíblica, mas o seu resultado mostra-se justamente o contrário ao que o verdadeiro ensinamento deve produzir, ou seja, a unidade. É notório, que as várias divisões são resultado de uma estratégia de Satanás em fragmentar e arruinar o Corpo de Cristo, através de opiniões que muitas vezes são conflitantes umas com as outras e não se constituem a linha central de interpretação adequada do propósito de Deus, revelados na Bíblia, pois se assim o fosse não geraria divisão entre os filhos de Deus.
Como fora dito acima, os filhos de Deus precisam perceber que são pessoas que devem seguir o modelo deixado pelo próprio Senhor Jesus, que é o caminho da dependência do Pai, como registrado nos evangelhos, e a partir do livro de Atos, dos membros do Seu Corpo. Isso é visto especialmente após Sua ascensão com a ordem aos discípulos para que permanecessem orando em Jerusalém, até que do alto fossem revestidos de Poder. Por um lado Ele iria executar. Mas por outro Ele dependia que um grupo de pessoas na terra orasse para que sua vontade fosse cumprida. Por um lado Ele é todo suficiente, mas para cumprir o seu propósito Ele necessita do Seu prosseguimento aqui na terra, a igreja.
Após a igreja ser gerada, a qual tem Cristo como cabeça, Ele próprio constituiu cada membro com uma função, tornando-os Seu Corpo, sendo que ao constituir os membros desse único Corpo, ele reafirmara mais uma vez o princípio da dependência, Dele como a Cabeça, mas também uns dos outros. E o mais interessante é que ao estabelecer a função, Deus coordenou os seus membros, colocando-os no Corpo, tendo cada um função e limites específicos de atuação, restando, portanto, para a própria existência do Corpo, a dependência mútua, além da necessidade de uma consciência do limite de atuação de cada parte. Paulo ao escrever aos coríntios deixa bem claro essa questão, argumentando com eles que nem todos tem a mesma função e mostrando que ele próprio, como alguém que seguia a Cristo, tinha consciência de seu limite de atuação dentro do Corpo de Cristo.
Assim sendo, faz-se necessário para que Deus cumpra definitivamente o seu propósito que é produzir e ter O Corpo de Cristo edificado, e que os seus filhos, como membros desse Corpo, percebam o seu limite e esfera de atuação e, portanto, possam atuar dentro desse limite de função, atuação. O problema é: desde o primeiro século da era cristã, muitos dos filhos de Deus têm sido enganados pelo inimigo, de maneira sutil, levando-os a extrapolar esse limite de atuação, sendo especialmente verdade, ao ser analisada a quantidade de literatura falando a respeito da Pessoa de Cristo, que especificamente, foram produzidas pelos assim chamados pais da igreja. Isso certamente causou muita perturbação entre os filhos de Deus e trouxe muitos danos aos que não tinham discernimento, levando-os a abandonarem o ensinamento saudável dos apóstolos, sem o qual não é possível haver edificação do Corpo de Cristo (Ef.2:20).
A não edificação do Corpo é um grande mal que as várias fontes de ensinamentos, que nascem do ego independente de Deus e do Corpo, terminam produzindo na igreja de Cristo. Se tirássemos no primeiro século os que a si mesmos se declaravam apóstolos, e não eram, e por consequência ensinavam diferentemente da linha central da economia de Deus, não haveria problemas no que diz respeito aos membros do Corpo de Cristo serem desviados para tantas outras coisas além de Deus. O inimigo de Deus realmente causou muito dano, por meio do ego, que se manifestou em várias fontes de ensinamentos, levando muitos a caírem na artimanha do diabo e na tentação de querer ser algo, ou propor algo, apresentando aos santos como sendo a “verdade”. No entanto, Deus é soberano, e a sua revelação foi completada, sendo o Novo Testamento concluído. E muito embora tenha levado três séculos até que houvesse um reconhecimento por parte dos líderes entre o povo de Deus de quais eram os livros que constituiriam a sua santa palavra, ainda assim é necessário crê que tudo estava debaixo da soberania de Deus.
 Hoje existe a Bíblia, a palavra de Deus. Mas mesmo assim existe um sério risco, de que muito embora tenhamos a mesma Bíblia, contudo ela poderá não ser igual para todos, no sentido de haver várias linhas de interpretações, sendo estas surgidas no decorrer dos séculos, após o reconhecimento da inspiração divina por parte dos seus filhos. Sendo assim, em realidade perdura o mesmo problema dos primeiros três séculos da era cristã, entre os seus filhos. Por isso, é importante ir diante do Pai e fazer a oração feita por Paulo em Efésios, “para que Deus ilumine os olhos de nosso coração, e nos conceda espírito de sabedoria e revelação no pleno conhecimento de Cristo”. Pois o diabo, mais uma vez poderá cegar os crentes e introduzir uma série de ensinamentos que no lugar de edificar, poderá causar os mesmos danos causados à igreja nos primeiros séculos, sendo estes os vários ensinamentos, que ainda que fossem bons, não constituíam a linha central da economia de Deus e tinham origem no fato de muitos não terem consciência do seu limite de atuação dentro desse Corpo.
Alguns acreditam que uma vez que exista a Bíblia, não é necessário nenhum tipo de interpretação feita por homens, pois sendo o Espírito Santo o autor, ele mesmo esclarecerá diretamente aos seus filhos, a interpretação de sua palavra. No entanto, sendo o Espírito Santo um, por que tantas divisões existem então no cristianismo? Sendo uma mesma Bíblia, por que tantas divisões no cristianismo? Seria essa a vontade do Espírito? Certamente não. Os que afirmam tais palavras de que não é necessário que ninguém nos ajude a interpretar adequadamente a palavra de Deus levam em consideração as palavras de João em sua primeira epístola, que diz que não é necessário que ninguém ensine a respeito de nada, mas que a unção que permanece, ensina a respeito de todas as coisas. No entanto, desconsideram a palavra do próprio Senhor Jesus ( Mt. 28:19), em seu comissionamento aos discípulos ordenando-os a fazer discípulos ensinando e batizando, e também as de Paulo, que comissiona Timóteo dizendo que o que da parte dele ouviu, isso mesmo ele deveria transmitir a homens fiéis e idôneos para que eles pudessem transmitir a outros (2ª Tm 2:2). Mais uma vez está implícito o princípio de dependência, pois os que ouviram deveriam ser fiéis, no sentido de não acrescentar nada, e muito menos retirar. Poucos percebem a respeito desta questão tão crucial e por isso dão pouca importância ao fato de que se deve reconhecer que Cristo dotou alguns, na era da igreja, com capacidades próprias, estabelecendo Apóstolos, que quer dizer enviados, no sentido de anunciar os desígnios de Deus, como uma espécie de “embaixador” de Cristo, com vistas a edificação do Seu Corpo.
Esta questão é tão séria que ao realizar uma análise histórica da igreja, não pode ser negado que em períodos diferentes Deus sempre levantou, ou pode-se dizer “enviou”, alguns para que transmitissem o seu falar, constituindo, portanto o falar de Deus para todo o seu povo, e qualquer um que quisesse está em conformidade com o desejo de Seu coração tinha que atentar para o Seu “ministro”, alguém que representava o líder maior, Cristo. Isso foi verdade em relação a Paulo, posteriormente João, seguindo com muitos até aos precursores da reforma protestante, destacando-se o John Huss, que fora condenado pelo tribunal da Inquisição católica, e logo após Lutero, Calvino e John Wesley, como três “apóstolos” notáveis dentro da reforma. E em cada um desses, Deus avançava no sentido de “restaurar” a interpretação adequada das escrituras sagradas, que fora perdida no decorrer do período conhecido como “idade das trevas”. É inegável o avanço que houve nesse período singular da história da igreja, conhecido como Reforma Protestante! Que benção foi ter sido restaurada a verdade da justificação pela fé, defendida por Martinho Lutero! No entanto o falar de Deus prossegue e no século XIX, Deus levantou um grupo de irmãos, conhecidos como os irmãos de Plymouth, destacando-se entre eles a figura de John Nelson Darby, o qual dedicou toda a sua vida no estudo das escrituras e foi verdadeiramente um “enviado”, restaurando muitas verdades, e dentre elas a interpretação adequada sobre o dispensacionalismo. A essa época os que haviam sido levantados, se posicionavam firmemente contra a divisão, mas que por conta de vários ensinamentos terem surgido, terminaram se dividindo.
 No entanto Deus não parou de enviar seus apóstolos, sempre comissionando alguns dentre o Seu povo, no sentido de transmitir o Seu falar, e no século XX levantou Watchman Nee na China Continental, que seguiu o mesmo princípio de depender, se apoiando sobre outros que vieram antes dele, dando continuidade ao que poderia ser chamado de uma “corrida de bastão”, na qual aquele que o recebe tem a obrigação de seguir adiante, sem desconsiderar os outros que o precederam. E de maneira muito prevalecente, o Senhor trouxe grande bênção à Sua igreja, falando, ministrando através de Watchman Nee. A essa altura, Cristo já havia restaurado muitas verdades que, muito embora estivessem na bíblia, mas que estavam “veladas”. É justamente para isso que entra a figura do apóstolo, como alguém que recebe o comissionamento de Deus, levando “luz” tão necessária para iluminação com vistas à visão daquilo que muito embora esteja presente, mas pode ainda está oculto, por conta da falta de “luz”. Watchman Nee foi grandemente usado por Deus durante a primeira metade do século XX, “restaurando” e focando seu ministério em duas questões: A experiência pessoal dos crentes com Cristo; bem como a unidade prática da igreja. Todo o falar de Deus por meio de Watchman Nee sempre foi nesse sentido e pode ser observado isso em sua vasta obra de publicação.
No entanto, após sua prisão na China Continental, sendo martirizado, por não negar sua fé, o Senhor soberanamente conduziu um dos Seus filhos, que recebera o “bastão”, nessa “grande corrida” da era da igreja, para levar adiante todas as verdades “restauradas”, através da pessoa de Witness Lee. A vida e obra tanto de Whatchman Nee, bem como de Witness Lee pode ser visto no site, disponível em língua portuguesa, a seguir: http://www.lsmportugues.org
Assim sendo, fique bem claro que a administração deste blog, buscará em todas as suas postagens, sobre os diversos assuntos que serão expostos aqui reproduzir, no sentido de utilizar trechos de passagens em livros compilados através da Editora Árvora da Vida, que no passado tinha autorização do Living Stream Ministry em publicar títulos de livros de autoria de Witness Lee, bem como de Watchman Nee, mas que foi tirado, conforme esclarecimento contido no endereço: http://www.lsmportugues.org/eadv-pr.html .
Será utilizado este tipo de material como fonte, pelo simples fato de a administração deste blog entender que dentre as várias literaturas e autores cristãos, os que apresentaram maior fidelidade ao pensamento das escrituras e trouxe maior "luz" nos últimos cem anos foram àquelas verdades expostas pelo Watchman Nee, bem como por Witness Lee. A direção também entende que eles são verdadeiramente ministros de Cristo na era presente. Isso não quer dizer que este blog não reconheça outras fontes de estudo como sendo genuínas, contudo para que não tenha mais de um “som de trombeta”, no sentido de vir a confundir o “exército de Cristo”, a Sua igreja, adotaremos como fonte apenas estas.
Além disso, não é intenção deste blog se colocar como concorrente e usurpar os direitos autorais do Living Stream Ministry sobre os títulos citados. A proposta é simplesmente de disponibilizar aos crentes buscadores uma visão panorâmica de diversos assuntos e como estes dois últimos servos expuseram doutrinariamente. Assim sendo, a direção deste blog procurará ser fiel ao máximo aos textos, e não exporá fragmentos de maneira isolada, para que leve o leitor a ter uma compreensão clara sobre cada assunto a ser abordado.



Nenhum comentário:

Postar um comentário